Pois bem, ele falou da riqueza do
carnaval. Já não sou o que chamam de jovem, e graças a isso, acompanhei imagens
dos desfiles anteriores ao sambódromo, mas antes da memória, pus-me a viajar ao
passado pelas asas da imaginação, e cheguei em épocas mais antigas em que o
carnaval das escolas de samba, provavelmente, desfilava sua pobreza orgulhosa
pelas ruas. Era assim, por exemplo que na minha cidade desfilava também uma
escola de samba. Sim, em pleno interior da Bahia, uma escola de samba,
desfilando entre roupas improvisadas e pandeiros de couro de animais, como,
provavelmente eram as escolas do Rio, antigamente.
Não venho aqui fazer apologia ao
passado, talvez sim, talvez não, ou muito pelo contrário, minha intenção é apenas
buscar a essência das coisas, se é que isso existe. Bem, se existe uma
essência, essa essência é a própria coisa, assim acreditam alguns, assim
acredito também eu, por ignorância talvez ou por pura resistência em aceitar o
novo, não sei. Resumindo: O fato é que a coisa é o que é!
Peço perdão aos doutos se isso
parece pretender ser Filosofia, não é, muito menos Ciência, isso nem que eu
quisesse. É apenas uma forma de desenvolver o pensamento, pois mesmo com três
ou quatro frases, acredito que isso é possível. Pois bem, se a coisa é o que é,
o que é o samba: samba. Pois é, admito que tal afirmação talvez pareça óbvia
para aqueles que já leram ao menos um desses livros que vendem milhões de
exemplares, gente acostumada à melhor leitura, mas se me permitem explico e esclareço
não ser tão rasa minha reflexão.
Ora, se o samba é samba, imagino
que na pobreza que os sambistas encontravam naquelas épocas, eles ao menos
sambavam, divertiam-se dançando no ritmo dessa música contagiante nascida no
Brasil, o problema é que na televisão, pouca gente dança. Fora as passistas e
os mestres salas e portas bandeiras, que ainda assim, devem ficar atentos à
coreografia, quase ninguém dança. É preciso ficar atento ao tempo, ao
coordenador de ala, às marcações, a tudo que hoje é mais importante, menos ao
samba.
Vi, agora a pouco, um monte de
gente andando como na fila do banco, nem a música cantavam, pois talvez nem
conhecessem, faziam de tudo, menos samba. Pois diante dessas humildes
observações, ficam algumas perguntas para estimular a reflexão daqueles que
pensam; será mais importante a riqueza das indumentárias e carros? Serão os
efeitos especiais empurrados pelas novas tecnologias? Serão as celebridades e
subcelebridades que nada acrescentam ao enredo da escola? Ou será o samba? No pé,
sambando, e no rosto feliz daqueles que sambam.